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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A entrada de Che na Revolução Cubana

       Em 1952, realiza uma longa jornada pela América do Sul com o melhor amigo, Alberto Granado, percorrendo 10.000 km em uma moto Norton 500, apelidada de 'La Poderosa'. Observam, se interessam por tudo, analisam a realidade com olho crítico e pensamento profundo. Os oito meses dessa viagem marcam a ruptura de Guevara com os laços nacionalistas e dela se origina um diário. Aliás, escrever diários torna-se um hábito para o argentino, cultivado até a sua morte.

       No Peru, trabalhou com leprosos e resolveu se tornar um especialista no tratamento da doença.
Che saiu dessa viagem chocado com a pobreza e a injustiça social que encontrou ao longo do caminho e se identificou com a luta dos camponeses por uma vida melhor. Mais tarde voltou à Argentina onde completou seus estudos em medicina. Foi convocado para o exército, porém, no momento estava incompatibilizado com a ideologia peronista. Não admitia ter de defender um governo autoritário. Portanto, no dia da inspeção médica, tomou um banho gelado antes de sair de casa e na hora do exame teve um ataque de asma. Foi considerado inapto e dispensado.

      Já envolvido com a política, em 1953 viajou para a Bolívia e depois seguiu para Guatemala com seu novo amigo Ricardo Rojo. Foi lá que
Guevara conheceu sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea Acosta e Ñico Lopez, que, futuramente, o apresentaria a Raúl Castro no México.

      Na Guatemala, Arbenz Guzmán, o presidente esquerdista moderado, comandava uma ousada reforma agrária. Porém, os EUA, descontentes com tal ato que tiraria terras improdutivas de suas empresas concedendo-as aos famintos camponeses, planejou um golpe bem sucedido colocando no governo uma ditadura militar manipulada pelos yankees.
Che ficou inconformado com a facilidade norte-americana de dominar o país e com a apatia dos guatemaltecos. A partir desse momento, se convenceu da necessidade de tomar a iniciativa contra o cruel imperialismo.

       Com o clima tenso na Guatemala e perseguido pela ditadura,
Che foi para o México. Alguns relatos dizem que corria risco de vida no território guatemalteco, mas essa ida ao México já estava planejada. Lá lecionava em uma universidade e trabalhava no Hospital Geral da Cidade do México, onde reencontrou Ñico Lopez, que o levou para conhecer Raúl Castro. Raúl, que se encontrava refugiado no México após a fracassada revolução em Cuba em 1953, se tornou rapidamente amigo de Che. Depois, Raúl apresentou Che a seu irmão mais velho Fidel que, do mesmo modo, tornou-se amigo instantaneamente. Tiveram a famosa conversa de uma noite inteira onde debateram sobre política mundial e, ao final, estava acertada a participação de Che no grupo revolucionário que tentaria tomar o poder em Cuba.

        A partir desse momento começaram a treinar táticas de guerrilha e operações de fuga e ataque. Em 25 de novembro de 1956 os revolucionários desembarcam em Cuba e se refugiam na Sierra Maestra, de onde comandam o exército rebelde na bem-sucedida guerrilha que derrubou o governo de Fulgêncio Batista. Depois da vitória, em 1959,
Che torna-se cidadão cubano e vira o segundo homem mais poderoso de Cuba. Marxista-leninista convicto, é apontado por especialistas como o responsável pela adesão de Fidel ao bloco soviético e pelo confronto do novo governo com os Estados Unidos.
      Guevara queria levar o comunismo a toda a América Latina e acreditava apaixonadamente na necessidade do apoio cubano aos movimentos guerrilheiros da região e também da África. Da revolução em Cuba até sua morte, amargou três mal-sucedidas expedições guerrilheiras. A primeira na Argentina, em 1964, quando seu grupo foi descoberto e a maioria morta ou capturada. A segunda, um ano depois de fugir da Argentina, no antigo Congo Belga, mais tarde Zaire e atualmente República Democrática do Congo. E por fim na Bolívia, onde acabaria executado.

      Sem a barba e a boina tradicionais, disfarçado de economista uruguaio,
Che Guevara entrou na Bolívia em novembro de 1966. A ele se juntaram 50 guerrilheiros cubanos, bolivianos, argentinos e peruanos, numa base num deserto do Sudeste do país. Seu plano era treinar guerrilheiros de vários países para começar uma revolução continental.
      Guevara foi capturado em 8 de outubro de 1967. Passou a noite numa escola de La Higuera, a 50 quilômetros de Vallegrande, e, no dia seguinte, por ordem do presidente da Bolívia, general René Barrientos, foi executado com nove tiros numa escola na aldeia de La Higuera, no centro-sul da Bolívia, no dia seguinte à sua captura pelos rangers do Exército boliviano, treinados pelos Estados Unidos.

      Sua morte, no dia 9 de outubro de 1967, aos 39 anos, interrompeu o sonho de estender a Revolução
Cubana à América Latina, mas não impediu que seus ideais continuassem a gozar de popularidade entre as esquerdas.

     Os boatos que cercaram a execução de
Che Guevara levantaram dúvidas sobre a identidade do guerrilheiro. A confusão culminou no desaparecimento dos seus restos mortais, encontrados apenas em 1997, quando o mundo recordava os trinta anos de sua morte, sob o terreno do aeroporto de Vallegrande. O corpo estava sem as mãos, amputadas para reconhecimento poucos dias depois da morte, e contrabandeadas para Cuba.

      Em 17 de outubro de 1997,
Che foi enterrado com pompas na cidade cubana de Santa Clara (onde liderou uma batalha decisiva para a derrubada de Batista), com a presença da família e de Fidel. Embora seus ideais sejam românticos aos olhos de um mundo globalizado, ele se transformou num ícone na história das revoluções do século XX e num exemplo de coerência política. Sua morte determinou o nascimento de um mito, até hoje símbolo de resistência para os países latino-americanos. 

Destinado aos alunos do 3ºD!

Emenda Platt (Protetorado norte-americano em Cuba)

      No final da IIª Guerra da Independência de Cuba contra Espanha, em 1898, sob o pretexto de um suposto ataque contraum seu navio de guerra, o “Maine”, ancorado na baía de Havana, os Estados Unidos envolveram-se no conflito e mantiveram todo o seu dispositivo militar na ilha, após a vitória do exército popular cubano e enquanto a Constituição da nova nação era elaborada, alegando a defesa dos seus interesses. Assim, em 1901 o governo cubano, presidido por Palma Estrada, enquanto o país continuava ocupado pelo exército norte-americano, foi coagido a incluir na sua Constituição, uma cláusula garantindo àqueles o direito de intervenção em Cuba, sempre que os interesses dos primeiros estivessem ameaçados, mesmo para além do término de sua ocupação militar, que deveria efectuar-se durante o ano de 1902.A clausula em questão, que ficou conhecida como Emenda Platt, aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos e assinada pelo Presidente McKinley em Março/1901, conferia aos norte-americanos o direito de intervir na ilha em determinadas circunstâncias além de supervisionar os seus tratados internacionais, a política económica e de assuntos internos. Ainda nos termos desta clausula, Cuba cedia aos Estados Unidos, as bases navais de Baía Honda e Guantánamo.Resumidamente, os pontos essenciais da Emenda Platt eram os seguintes:1º- Cuba não celebrará qualquer tratado ou pacto que tenda a fragilizar a independência da República.2º- O governo cubano não poderá contrair dívidas públicas.3º-   O governo cubano confere aos EUA o Direito de Intervenção para a preservação da independência e manutenção de um governo adequado à protecção da vida, propriedade privada e cumprimento das obrigações impostas pelos EUA a Cuba.4º-Todos os actos realizados pelos EUA durante a ocupação serão ratificados e considerados válidos, bem como todos os direitos adquiridos.5º- O governo da República de Cuba executará o saneamento da população, com a finalidade de evitar doenças epidémicas e infecciosas, protegendo desta forma o comércio e o povo de Cuba, tal como o comércio e o povo da parte Sul dos EUA. 6º- A Ilha dos Pinos fica fora dos limites de Cuba propostos pela Constituição, deixando-se para um futuro tratado a fixação da sua presença. 7º- Para garantir aos EUA condições que lhes permitam assegurar a independência de Cuba e protecção do seu povo, o governo cubano venderá ou arrendará aos EUA as terras necessárias para a extracção de carvão ou estações navais. Desta forma, prática e teoricamente, passou a ser um protectorado dos E.U.A. até 29/Maio/1934, ano em que a Emenda Platt é revogada e substituída por um Tratado de Reciprocidade, pelo qual renunciam ao direito de interferir nos assuntos internos de Cuba, mas vendo confirmados os seus direitos sobre a base de Guantánamo por um período de 99 anos, arrendada por 4.085 dólares/ano. Eram então presidentes Fulgencio Batista e Franklin Delano Roosevelt, respectivamente de Cuba e dos Estados Unidos da América.

destinado aos alunos do 3ºD, Bons estudos!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Revolução Cubana


       Sendo uma das últimas nações a se tornarem independentes no continente americano, Cuba proclamou a formação de seu Estado independente sob o comando do intelectual José Marti e auxílio direto das tropas norte-americanas. A inserção dos norte-americanos neste processo marcou a criação de um laço político que pretendia garantir os interesses dos EUA na ilha centro-americana. Uma prova dessa intervenção foi a criação da Emenda Platt, que assegurava o direito de intervenção dos Estados Unidos no país.

        Dessa maneira, Cuba pouco a pouco se transformou no famoso “quintal” de grandes empresas estadunidenses. Essa situação contribuiu para a instalação de um Estado fragilizado e subserviente. De fato, ao longo de sua história depois da independência, Cuba sofreu várias ocupações militares norte-americanas, até que, na década de 1950, o general Fulgêncio Batista empreendeu um regime ditatorial explicitamente apoiado pelos EUA.

        Nesse tempo, a população sofria com graves problemas sociais que se contrastavam com o luxo e a riqueza existente nos night clubs e cassinos destinados a uma minoria privilegiada. Ao mesmo tempo, o governo de Fulgêncio ficava cada vez mais conhecido por sua negligência com as necessidades básicas da população e a brutalidade com a qual reprimia seus inimigos políticos. Foi nesse tenso cenário que um grupo de guerrilheiros se formou com o propósito de tomar o governo pela força das armas.

      Sob a liderança de Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto “Che” Guevara, um pequeno grupo de aproximadamente 80 homens se espalhou em diversos focos de luta contra as forças do governo. Entre 1956 e 1959, o grupo conseguiu vencer e conquistar várias cidades do território cubano. No último ano de luta, conseguiram finalmente acabar com o governo de Fulgêncio Batista e estabelecer um novo regime pautado na melhoria das condições de vida dos menos favorecidos.

     Entre outras propostas, o novo governo defendia a realização de uma ampla reforma agrária e o controle governamental sob as indústrias do país. Obviamente, tais proposições contrariavam diretamente os interesses dos EUA, que respondeu aos projetos cubanos com a suspensão das importações do açúcar cubano. Dessa forma, o governo de Fidel acabou se aproximando do bloco soviético para que pudesse dar sustentação ao novo poder instalado.

       A aproximação com o bloco socialista rendeu novas retaliações dos EUA que, sob o governo de John Kennedy, rompeu as ligações diplomáticas com o país. A ação tomada no início de 1961 foi logo seguida por uma tentativa de contra-golpe, onde um grupo reacionário treinado pelos EUA tentou instalar - sem sucesso - uma guerra civil que marcou a chamada invasão da Baía dos Porcos. Após o incidente, o governo Fidel Castro reafirmou os laços com a URSS ao definir Cuba como uma nação socialista.

        Para que a nova configuração política cubana não servisse de exemplo para outras nações latino-americanas, os EUA criaram um pacote de ajuda econômica conhecido como “Aliança para o Progresso”. Em 1962, a União Soviética tentou transformar a ilha em um importante ponto estratégico com uma suposta instalação de mísseis apontados para o território estadunidense. A chamada “crise dos mísseis” marcou mais um ponto da Guerra Fria e, ao mesmo tempo, provocou o isolamento do bloco capitalista contra a ilha socialista.

        Com isso, o governo cubano acabou aprofundando sua dependência com as nações socialistas e, durante muito tempo, sustentou sua economia por meio dos auxílios e vantajosos acordos firmados com a União Soviética. Nesse período, bem sucedidos projetos na educação e na saúde estabeleceram uma sensível melhoria na qualidade de vida da população. Entretanto, a partir da década de 1990, a queda do bloco socialista exigiu a reformulação da política econômica do país.

       Em 2008, com a saída do presidente Fidel Castro do governo e a eleição do presidente Barack Obama, vários analistas políticos passaram a enxergar uma possível aproximação entre Cuba e Estados Unidos da América. Em meio a tantas especulações, podemos afirmar que vários indícios levam a crer na escrita de uma nova página na história da ilha que, durante décadas, representou o ideal socialista no continente americano.
 
Os Partidos Comunistas e as Guerrilhas
 
           A Revolução Cubana exerceu, sem dúvida, um enorme fascínio sobre as esquerdas. Sob sua influência, movimentos guerrilheiros surgiram em vários países da América Latina. Além da influência cubana, esses movimentos recebiam ainda estímulo vindo de longe, do sudeste asiático, onde se desenrolava a guerra do Vietnã (1954-1975). O êxito com que os guerrilheiros vietnamitas enfrentavam o exército norte-americano, o mais poderoso do mundo, era um acréscimo adicional de esperança para os partidários da guerrilha latino-americana.
Tudo isso contribuiu para fazer da luta armada o modelo revolucionário por excelência. As figuras de Fidel Castro, Guevara e Ho Chi Min pareciam ofuscar os nomes de Lênin e Stalin no panteão revolucionário.
Lembremos que a crítica a Stalin e ao stalinismo - portanto, aos PCs - ganhou mais intensidade nas esquerdas dos anos 70. Além disso, com exceção dos partidos comunistas do Brasil, Chile, Uruguai e da Argentina, que eram reformistas, na Venezuela, Colômbia e Guatemala os PCs apoiaram explicitamente a luta armada e chegaram a organizá-la.
As lutas armadas que eclodiram nos anos 60, contudo, não podem ser consideradas meros reflexos da Revolução Cubana, embora se tenham inspirado no seu exemplo.
A teoria do foco, tal corno foi formulada por Debray e encarnada por Guevara, como já assinalamos, conferia prioridade absoluta à luta armada. Entretanto, é preciso adicionar mais uma observação: o foquismo era considerado na época uma estratégia alternativa válida para toda a América Latina e, portanto, uma via socialista adequada a sua realidade.
Ora, esse modelo nem sempre foi seguido à risca, e as guerrilhas dos anos 60 apresentaram uma grande variedade.

Destinado aos alunos do 3ºD

As Obrigações dos servos durante a Idade Média (Era Feudal)

 Na Idade Média, a posse da terra se consolidou como pressuposto fundamental para que o poder político fosse exercido. Os senhores feudais, na qualidade de proprietários, tinham plena autoridade para determinar as leis e regras que organizavam o convívio sociopolítico no interior de suas terras. Dessa forma, aproveitavam dessa situação privilegiada para imprimirem seus interesses sobre a população servil.

Essa prática está assentada na antiga tradição germânica do beneficium, onde um proprietário cede parte de suas terras em troca de tributos e serviços. Além disso, o próprio processo de arrendamento de terras, que marca o fim do Império Romano, também influenciou este processo. No período medieval, esses tributos ficaram conhecidos como obrigações e determinavam o conjunto de obrigações que um servo deveria ao senhor feudal.

As principais obrigações dos servos consistiam em:
  • Corvéia: trabalho compulsório nas terras do senhor em alguns dias da semana;
  • Talha: Parte da produção do servo que deveria ser entregue ao nobre
  • Banalidade: tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes;
  • Capitação: imposto pago por cada membro da família (por cabeça);
  • Tostão de Pedro ou dízimo: 10% da produção do servo era pago à Igreja, utilizado para a manutenção da capela local;
  • Censo: tributo que os vilões (pessoas livres, vila) deviam pagar, em dinheiro, para a nobreza;
  • Taxa de Justiça: os servos e os vilões deviam pagar para serem julgados no tribunal do nobre;
  • Formariage: quando o nobre resolvia se casar, todo servo era obrigado a pagar uma taxa para ajudar no casamento. Era também válida para quando um parente do nobre iria casar.
  • Mão Morta: Era o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil, em caso do falecimento do pai ou da família.
  • Albermagem: Obrigação do servo em hospedar o senhor feudal.
  • Direito da Primeira Noite ou direito de pernada: foi uma alegada instituição que teria vigorado na Idade Média, permitindo ao Senhor Feudal, no âmbito de seus domínios, desvirginar uma noiva na sua noite de núpcias. Nenhum documento medievo comprovou existencia real de tal direito.
Destinado aos alunos do 1º D, Fazer comentário crítico sobre o texto e as obrigações servis, comparando e citando algumas das obrigações de nossa vida cotidiana.
Obs: Comentários iguais resultaram em ZERO para as respectivas cópias.

Guerra Mexicano-Americana

A Guerra Mexicano-Americana ocorreu entre os Estados Unidos da América e o México, entre 1846 e 1848 e teve enormes consequências para o futuro das nações envolvidas. Como resultado, Estados Unidos ampliaram o seu território em cerca de um quarto, enquanto México perdeu aproximadamente metade do seu. Na época, a guerra foi objeto de grande controvérsia moral dentro dos Estados Unidos.

Causas

O conflito iniciou-se em meio da animosidade existente entre os dois países causada pela Anexação do Texas pelos Estados Unidos. O México não reconheceu a anexação e reivindicou a região, alegando que o Texas era um Estado mexicano rebelde. Mas apesar da forte pressão da opinião pública do México para guerra, de início não houve resistência armada à anexação. A guerra só começaria com a tentativa dos Estados Unidos de expandir as fronteiras do território anexado para além dos limites do antigo Departamento de Tejas mexicano.
A disputa política transformou-se num conflito militar aberto quando um destacamento do Exército dos Estados Unidos da América, sob comando de Zachary Taylor, invadiu o território ao sul do rio Nueces. Embora essa área não fizesse parte de Texas quando ainda era o Departamento de Tejas, parte do estado Mexicano de Coahuila y Tejas, Estados Unidos reivindicava essa terra para si. A pretensão baseava-se no tratado de Velasco, assinado por Antonio López de Santa Anna em 1836, em que concordava em recuar as tropas mexicanas para além do Rio Grande, cerca de 240km ao sul de Nueces. O entendimento dos Estados Unidos era que esse recuo estabelecia a nova fronteira do estado que se tornara de fato independente. México não compartilhava dessa leitura e não reconhecia a validade do tratado que fora firmado por Santa Anna enquanto prisioneiro dos Texanos e que o congresso mexicano se recusara a ratificar, negando que o signatário tivesse poderes para tal acordo. Seguiu-se uma série de escaramuças que finalmente transformaram-se em guerra em plena escala.

Oposição nos EUA

A expedição contava com apoio entusiástico do Partido Democrata e com a veemente oposição dos Whigs. Havia uma grande diferença ideológica entre as duas facções. Os democratas, fiéis ao Destino Manifesto e à Doutrina Monroe, acreditavam ser dever dos Estados Unidos levarem os benefícios do seu sistema de governo a todo o continente, ainda que pelas armas. Os whigs acreditavam que o caminho para o mesmo objetivo era aperfeiçoar a democracia local e ganhar os vizinhos pela contundência do seu exemplo, e não com a força.
Os debates no congresso foram extremamente acalorados. O conhecido abolicionista e congressista whig Joshua Giddins chegou a declarar da tribuna do congresso
No assassinato de mexicanos em seu próprio solo e no roubo da terra que lhes pertence, eu não posso tomar parte nem agora nem no porvir. A culpa por esses crimes deve cair sobre outros
A posteriori, um dos críticos proeminentes do papel dos Estados Unidos na guerra foi Ulysses Grant, que nela combateu com distinção quando jovem oficial do Exército invasor. Nas suas Memórias, Grant qualificou a guerra como
..."uma das mais injustas movidas em qualquer tempo por uma nação mais forte contra uma mais fraca ."


Mais tarde Grant tornar-se-ia comandante-em-chefe das forças da União durante a Guerra da Secessão e presidente dos Estados Unidos.

Consequências

Ao final da guerra, o México foi obrigado a ceder grandes regiões do norte do país para os Estados Unidos. Estas regiões compreendem a inteiridade dos atuais Estados americanos de Califórnia, Nevada, Texas e Utah, a inteiridade do Estado de Novo México (antes da Compra de Gadsden), e áreas dos Estados de Arizona, Colorado e Wyoming.
A Guerra entre México e Estados Unidos foi um dos grandes fatores que precipitaram a Guerra Civil dos Estados Unidos da América. A constituição mexicana não admitia escravidão. Portanto, os novos territórios incorporados aos Estados Unidos eram estados livres. Isso perturbou o frágil equilíbrio de poder existente no congresso entre os estados escravagistas e os livres, e foi um dos fatores determinantes que impulsionaram o velho sul dos EUA para a sua frustrada busca da independência.

Destinado aos alunos do 2ºD

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Marcha para Oeste Estadunidense e a Doutrina do Destino Manifesto

  

Antes mesmo da independência os colonos americanos já cobiçavam as terras do Oeste, impedidas de serem colonizadas pela Lei do Quebec (parte das Leis Intoleráveis, 1774), que proibia a ocupação de terras pelos colonos entre os montes Apalaches e o Mississipi. Apesar de pressões como essa, a expansão para o Oeste ganhou força após a independência, sendo alimentada ideologicamente pelo "Destino Manifesto", princípio que defendia a idéia de que os colonos norte-americanos de origem calvinista (puritanos) estariam na América por predestinação divina, com a missão civilizatória de ocupar os territórios situados entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
   A Lei Noroeste de 1787 já visava consolidar o futuro expansionismo, ao estabelecer que as terras ocupadas que atingissem 60 mil habitantes formariam um novo território que seria incorporado à União como Estado. Nesse mesmo ano foi sancionada a constituição federal, até hoje em vigor que formalizou a política da nova nação através de uma República Presidencialista Federalista.
     O primeiro presidente eleito após a carta de 1787 foi George Washington (1789-97), que enfrentou as primeiras dificuldades na política interna, em razão da interpretação dada à constituição.
     Os grupos políticos iam se definindo em organizações partidárias, originando a formação dos partidos Federalista e Republicano Democrático. O primeiro, liderado por Alexander Hamilton no governo de John Adams (1797-1801) apoiava-se mais nos interesses dos grandes comerciantes do norte, enquanto que o segundo, que chegou ao poder com Thomas Jefferson (1801-09), estava mais ligado aos pequenos proprietários rurais e aos cidadãos dos Estados menores. O Partido Federalista defendia um poder central mais forte, enquanto que o   Partido Republicano Democrático era favorável a uma maior autonomia para os Estados.
Ao eleger os dois presidentes seguintes - James Madison (1809-17) e James Monroe (1817-25) -- o Partido Republicano Democrático dava um novo impulso ao expansionismo com a conhecida Doutrina Monroe ("América para os americanos"), que defendia as independências na América Latina, frente ao caráter recolonizador europeu do Congresso de Viena. Contudo, conforme os interesses territoriais dos Estados Unidos foram ampliando-se, a Doutrina Monroe seria mais bem definida pela frase "América para os norte-americanos", caracterizando objetivos já inseridos na esfera do imperialismo.
Entre 1829 e 1837 o governo de Andrew Jackson iniciou uma nova orientação político-partidártia, representada pelo Partido Democrático, que estava ligado aos interesses dos latifundiários do Oeste e do operariado do norte. Conhecida na história como "era Jackson",
Com um crescimento demográfico fulminante -- 4 milhões de habitantes em 1801, para 32 milhões em 1860 -- associado às constantes correntes de imigrantes, à construção de uma vasta rede ferroviária à descoberta de ouro na Califórnia em 1848, a expansão em direção ao Oeste tornava-se cada vez mais inevitável.
essa fase, foi marcada por perseguições e expurgos de elementos que pertenciam a governos anteriores, processo que ficou conhecido como "sistema de despojos" (Spoil Sistem).

A EXPANSÃO


O expansionismo pode ser dividido em três frentes: negociação, Guerra do México e anexação de terras indígenas.

A ação diplomática dos Estados Unidos foi marcada por um grande êxito já no início do século XIX, quando Napoleão Bonaparte em 1803 debilitado pelas guerras na Europa, vendeu a Lousiana (um imenso território onde foram formados 13 novos Estados) por 15 milhões de dólares. Em seguida (1819), a Espanha vendia a Flórida por apenas 5 milhões de dólares. Destaca-se ainda a incorporação do Oregon, cedido pela Inglaterra em 1846 e do Alasca, comprado da Rússia por 7 milhões de dólares em 1867, dois anos após o término da Guerra de Secessão.
Em 1821 os norte-americanos passaram a colonizar parte do México com aval do próprio governo mexicano, que em troca, exigiu adoção do catolicismo nas áreas ocupadas. As dificuldades para consolidação de um Estado Nacional no México, marcadas por constantes conflitos internos e ditaduras, acabaram criando condições mais favoráveis ainda para a expansão dos Estados Unidos. Foi nessa conjuntura, que em 1845, colonos norte-americanos proclamaram a independência do Texas em relação ao México, incorporando-o aos Estados Unidos. Iniciava-se a Guerra do México (1845-48), na qual a ex-colônia espanhola perdia definitivamente para os Estados Unidos as regiões do Texas, além das do Novo México, Califórnia, Utah, Arizona, Nevada e parte do Colorado. Em apenas três anos cerca de metade do México incorporava-se aos Estados Unidos.






Destaca-se ainda, a anexação de terras indígenas, através de um verdadeiro genocídio físico e cultural dos nativos, o que ficava evidenciado na visão que alguns colonos difundiam durante o expansionismo, de que "o único índio bom é um índio morto", afirmação essa, atribuída ao general Armstrong Custer, considerado um dos maiores matadores de índios nesse contexto.

A configuração geográfica atual dos Estados Unidos seria concluída apenas em 1912, com a incorporação do Arizona.


CONSEQUÊNCIAS DA EXPANSÃO


Durante o movimento expansionista dos Estados Unidos, o avanço econômico era notado no país de forma bem diferente. Enquanto o norte assistia o crescimento do comércio e principalmente de uma indústria cada vez mais sólida, o sul permanecia agrícola, e as novas terras do oeste eram marcadas pela pecuária e mineração. Ao longo da primeira metade do século XIX essas divergências entre o norte (industrial e abolicionista) e o sul (rural e escravista), serão agravadas, já que ambos tentarão impor seus respectivos modelos sócio-econômicas sobre os novos Estados incorporados.





Uma poderosa burguesia industrial e comercial, juntamente com um crescente operariado fabril marcava o desenvolvimento da sociedade nortista, antagonizando-a com a sulista, que permanecia estagnada e dominada por uma aristocracia rural escravista vinculada ao latifúndio agro-exportador. Nas novas terras do Centro-Oeste nascia uma sociedade organizada a partir dos pioneiros com base na agricultura e na pecuária.

Os Estados Unidos formavam um único país, mas esse país pensava, trabalhava e vivia diferente, abrigando na realidade duas nações: o Norte-Nordeste de um lado e o Sul-Sudeste de outro.
A manutenção da escravidão no sul e o aumento da rivalidade social e econômica durante a conquista do Oeste, associado a outros elementos também conflitantes, como a questão das tarifas alfandegárias e o crescimento do novo Partido Republicano, criam condições historicamente favoráveis para aquela que é considerada a maior guerra civil na história do século XIX: a Guerra de Secessão. 


Destinado à pesquisa de alunos do 2ºD

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Islamismo no Brasil

   O islamismo praticado na África subsariana repercutiu de forma indireta na história do Brasil colonial, pois muitos escravos trazidos ao país praticavam o islamismo. A maioria desses escravos exercia atividades agrárias, mas os escravos das áreas urbanas ultrapassaram o limite da relação com seus senhores, entrando em contato com diferentes grupos sociais, fazendo com que o islamismo se propagasse mais rapidamente. No contexto urbano, os escravos muçulmanos se diferenciavam dos demais por não aceitarem a imposição religiosa de seus senhores. Os senhores convertiam seus escravos ao catolicismo através do batismo, ignorando as crenças dos mesmos, mas isso contribuiu para que os muçulmanos ficassem ainda mais unidos em sua prática religiosa.
    Em 1835, os escravos muçulmanos organizaram a Revolta dos Malês, na Bahia contra a escravidão. Alguns historiadores assinalam a notável organização do movimento, de modo que pode ser constatado o Jihad Fi Sabilillah ("esforço pela causa de Alá") durante a revolta.    A revolta foi importante para o enfraquecimento do sistema escravocrata, mas seus principais líderes, quando capturados em batalha, foram devolvidos ao continente africano, pois os militares temiam que caso fossem mortos a fé dos combatentes aumentaria.
   Antes de chegar ao Brasil, Heitor Furtado de Mendonça, padre português e primeiro inquisidor oficial em terras brasileiras, visitou colônias portuguesas na África, onde identificou os procedimentos religiosos dos nativos daquele continente, tendo adentrado pelo Reino de Benin, que, mediante aliança político-comercial com Portugal, serviu de porto para o comércio de escravos. Já no Brasil, Furtado assinalou os costumes dos "maometanos" (seguidores de Maomé), tais como a oração de Salatul Juma, o não-consumo de carne ou gordura de porco e de bebidas alcoólicas, a escrita de caracteres árabes e a leitura de livros como o Alcorão.

Destinado aos alunos do 1ºD (diurno)

Algumas das frases de Maomé:

A Caminho da Democracia Plena


  Em agosto de 1979, o presidente Figueiredo decretou a Lei da Anistia, que permitiu o retorno ao Brasil dos exilados políticos.
   No mesmo ano o governo estinguiu o ARENA e o MDB, substituindo por outros partidos que deveriam trazer a letra "P" de partido no início do nome.
  • O PDS - Partido Democrático Social - era a antiga Arena.
  • O PMBD - Partido do Movimento Democrático Brasileiro - formado por membros do antigo MDB.
  • O PTB - Partido Trabalhista Brasileiro.
  • O PDT - Partido Democrático Trabalhista - foi organizado por Leonel Brizola e seus seguidores.
  • O PT - Partido dos Trabalhadores - partido organizado a partir de sindicalistas, intelectuais e estudantes tendo como principal líder: Luís Inácio Lula da Silva.

Destinado aos alunos da 8ª E (Diurno)
Att. Profª Michelli Dezani

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mikail Aleksandrovitch Bakunin "Pensador Anarquista"

Uma das maiores obras de Bakunin
A origem da religião está no desconhecimento de nossos antepassados do mundo que os cercava, das Leis Naturais. Assim, inteligência, vida, relações e movimentos saem da matéria, passam de serem meras manifestações naturais e tornam-se abstração: Deus.
  Criado o plantel de deuses, o Homem não tinha conhecimento que ele próprio o havia criado, e passa assim a temê-lo e a ser seu escravo. Rapidamente, surge uma casta de intermediadores, que aproveitando-se da ignorância e da pobreza reinantes passa a utilizar-se da religiosidade para seu próprio proveito. Tendo os deuses se estabelecido no imaginário coletivo, surge o clero, os inspirados intermediadores da sabedoria dos deuses, ou seja, a autoridade e a hierarquia do conhecimento e da inspiração.
Com o passar do tempo, apenas a fundamentação moral não funciona mais para legitimar tal poder, devendo assim ser acompanhada da fundamentação da espada, do Estado, que é legitimado e legitima a religião, acompanhando seu modelo de hierarquização e autoridade. Ambos andam desta forma lado-a-lado. Na teologia nada é contestável, tudo é auto-explicativo. No Estado, nada deve ser contestado.
Todas as religiões têm um calcanhar de Aquiles: quando, como e porque o Ser divino eterno, infinito e absoluto, entediado de si mesmo resolveu criar o Homem? Nenhuma religião nem ninguém tem a resposta à esta questão, não há discussão, afinal os deuses seriam tão superiores que nos restaria apenas louva-los e não entendê-los.     Mas, reconhecer que tudo o que é grande e belo é divino é desacreditar na potencialidade da humanidade, transforma-la na escória, no lixo, na oposição do poder total de Deus. E é exatamente contra isto que Bakunin lutava.
Os padres conduzem seu rebanho - nome um tanto pejorativo e demonstrador da visão dos fiéis como ignorantes e manipuláveis - e não sacrifica-se por ele, ao contrário, o sacrifica em nome de Deus e da Santa Madre Igreja.
  A manipulação dos fiéis permite então a rápida acumulação de poder e propriedades nas mãos da casta dirigente, que passa a utilizar-se desta grandiosidade para buscar por novas formas de conquistar mais poder e fontes de riqueza, e encontra assim a formação do Estado como uma excelente base para administrar e justificar seu poder, fazendo com que em uma via de dupla mão, ambos - Igreja e Estado - beneficiem-se mutuamente do poder para conquistar ainda mais poder e mais recursos para seus dirigentes.
  Passa-se então ao momento histórico dos Estados Religiosos, onde as Cruzadas, as Navegações, a Escravidão Moderna e a Exploração do Desconhecido são justificadas pela religião e aplicadas pelo Estado. O vínculo torna-se claro e inegável: a dominação é legitimada e estimulada pelas duas instituições.
   Voltaire disse uma célebre frase: se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo.        Bakunin, rebate-a: se Deus existisse, seria preciso aboli-lo, afinal, se Deus existe, o homem é escravo; ora, o homem pode, deve ser livre, portanto, Deus não existe.    Voltaire, entretanto, não compreendeu que o Deus que ele buscava não era o dos idealistas, e sim o dos materialistas, ou seja, o Estado. Este novo deus foi criado, assim com o Outro, e sua forma mais moderna foi a sugerida por Russeau e aplicado fielmente por Robespierre.
  A Revolução Francesa em seu princípio, derrubou Monarquia e Igreja. Mas, estabelecida no poder, a burguesia percebe que para preservar seus recém-conquistados privilégios contra a massa proletária ainda insatisfeita, não bastaria somente o Terror, a guilhotina e o rifle, mas sim também a moral. Abrem-se então as portas da França para o retorno da Igreja, que legitimará então mais uma vez o Estado e seu poder despótico.
  A educação passa a ter com a passagem do tempo cada vez mais importância, visto que a qualificação dos trabalhadores se faz necessária ao mesmo tempo e que o controle destes torna-se cada vez mais complicado.
  A Escola passa, então, a funcionar como órgão legitimador da ideologia estatal, ensinando que Deus, para consolar-nos dos problemas da vida terrena enviou-nos os Santos Governantes, que devem ser louvados e reverenciados, Santos Homens como os Reis Ibéricos, os Czares e Napoleão!
  O poder, a onipotência, a onipresença e a onisciência fazem com que Deus seja obviamente infinitamente maiores e melhores do que todos os homens juntos jamais serão.
  Este poder total e avassalador entra na mentalidade das pessoas, que passam a compreender que o controle e o poder total do Estado também são fenômenos normais assim como Deus.

Algumas frases de Efeito: Ler e Comentar
 
1)"Estamos convencidos de que o pior mal, tanto para a humanidade quanto para a verdade e o progresso, é a Igreja. Poderia ser de outra forma? Pois não cabe à Igreja a tarefa de perverter as gerações mais novas e especialmente as mulheres? Não é ela que, através de seus dogmas, suas mentiras, sua estupidez e sua ignomínia* tenta destruir o pensamento lógico e a ciência? Não é ela que ameaça a dignidade do homem, pervertendo suas idéias sobre o que é bom e o que é justo? Não é ela que transforma os vivos em cadáveres, despreza a liberdade e prega a eterna escravidão das massas em benefício dos tiranos e dos exploradores? Não é essa mesma Igreja implacável que procura perpetuar o reino das sombras, da ignorância, da pobreza e do crime? Se não quisermos que o progresso seja, em nosso século, um sonho mentiroso, devemos acabar com a Igreja". *(ignomínia:Desonra extrema, opróbrio, infâmia: a traição é uma ignomínia).

2) "Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável*: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana".*execrável: (Que provoca horror; abominável, detestável)

3) "As pessoas vão à igreja pelos mesmos motivos que vão à taverna: para estupefazerem-se, para esquecerem-se de sua miséria, para imaginarem-se, de algum modo, livres e felizes"

4) "Os teólogos dizem: isso são mistérios insondáveis. Ao que respondemos: são absurdos imaginados por vós próprios. Começais por inventar o absurdo, depois fazei-nos dele a imposição como mistério divino, insondável e tanto mais profundo quando mais absurdo. É sempre o mesmo procedimento: creio porque é absurdo."

5) "Religião é demência coletiva".

6) "É melhor a ausência de luz do que uma luz trêmula e incerta, servindo apenas para extraviar aqueles que a seguem".

Obs: Ler o resumo e comentar sobre as maiores frases de efeito de Bakunin.

Destinado aos alunos do 2ºD (diurno)
Att. Profª: Michelli Dezani

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Maria Quitéria

Maria Quitéria de Jesus (Feira de Santana, 27 de julho de 1792 — Salvador, 21 de agosto de 1853) foi uma militar brasileira, heroína da Guerra da Independência. Considerada a Joana d'Arc brasileira, é a patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

Infância e juventude

Maria Quitéria nasceu no sítio do Licurizeiro, uma pequena propriedade no Arraial de São José das Itapororocas, na comarca de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, atual município de Feira de Santana no estado da Bahia. A data mais aceita pelos pesquisadores para o seu nascimento é a de 1792. Foi a filha primogênita dos brasileiros Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus.
Em 1803, tendo cerca de dez ou onze anos de idade, perdeu a mãe. Cinco meses após enviuvar, o pai casou-se em segundas núpcias com Eugênia Maria dos Santos, que veio a falecer pouco tempo depois, sem que da união nascessem filhos. A família mudou-se então para a fazenda [serra da Agulha].
Na nova residência, Gonçalo Alves casou-se pela terceira vez, com Maria Rosa de Brito, com quem teve mais três filhos. A nova madrasta, afirma-se, nunca concordou com os modos independentes de Maria Quitéria. Embora sem uma educação formal, uma vez que à época as escolas eram poucas e restritas aos grandes centros urbanos, Maria Quitéria aprendera a montar, a caçar e a usar armas de fogo, conhecimentos essenciais à época.
As lutas pela Independência

Maria Quitéria encontrava-se noiva quando, entre 1821 e 1822, iniciaram-se na Província da Bahia as agitações contra o domínio de Portugal. Em Janeiro de 1822 transferiram-se para Salvador as tropas portuguesas, sob o comando do Governador das Armas Inácio Luís Madeira de Melo, registrando-se em fevereiro o martírio de Soror Joana Angélica, no Convento da Lapa, naquela Capital.
Em 25 de junho, a Câmara Municipal da vila de Cachoeira aclamou o príncipe-regente D. Pedro como "Regente Perpétuo" do Brasil. Por essa razão, em julho, uma canhoneira portuguesa, fundeada na barra do rio Paraguaçu, alvejou Cachoeira, reduto dos independistas baianos. A 6 de setembro, instalou-se na vila o Conselho Interino do Governo da Província, que defendia o movimento pró-independência da Bahia ativamente, enviando emissários a toda a Província em busca de adesões, recursos e voluntários para formação de um "Exército Libertador".

O "Soldado Medeiros"
Tendo o velho Gonçalo, viúvo, sem filho varão, se escusado a colaborar, para a sua surpresa, a filha Maria Quitéria, pediu-lhe autorização para se alistar. Tendo o pedido negado pelo pai, fugiu, dirigindo-se a casa de sua meia-irmã, Teresa Maria, casada com José Cordeiro de Medeiros e, com o auxílio de ambos, cortou os cabelos. Vestindo-se como um homem, dirigiu-se à vila de Cachoeira, onde se alistou sob o nome de Medeiros, no Regimento de Artilharia, onde permaneceu até ser descoberta pelo pai, duas semanas mais tarde.
Defendida pelo Major José Antônio da Silva Castro (avô do poeta Castro Alves), comandante do Batalhão dos Voluntários do Príncipe (popularmente apelidado de "Batalhão dos Periquitos", devido aos punhos e gola de cor verde de seu uniforme), foi incorporada a esta tropa, em virtude de sua facilidade no manejo das armas e de sua reconhecida disciplina militar. Aqui, ao seu uniforme, foi acrescentado um saiote à escocesa.
A 29 de outubro seguiu com o seu Batalhão para participar da defesa da ilha de Maré e, logo depois, para Conceição, Pituba e Itapoã, integrando a Primeira Divisão de Direita. Em fevereiro de 1823, participou com bravura do combate da Pituba, quando atacou uma trincheira inimiga, onde fez vários prisioneiros portugueses (dois, segundo alguns autores), escoltando-os, sozinha, ao acampamento.
Em 31 de março, no posto de Cadete, recebeu, por ordem do Conselho Interino da Província, uma espada e seus acessórios.
Finalmente, a 2 de julho de 1823, quando o "Exército Libertador" entrou em triunfo na cidade do Salvador, Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população em festa. O governo da Província dera-lhe o direito de portar espada. Na condição de Cadete, envergava uniforme de cor azul, com saiote por ela elaborado, além de capacete com penacho.

A heroína da Independência
Por seus atos de bravura em combate, o General Pedro Labatut, enviado por D. Pedro para o comando geral da resistência, conferiu-lhe as honras de 1º Cadete.
No dia 20 de agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, com seguinte pronunciamento:
"Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro".
Além da comenda, foi promovida a Alferes de Linha, posto em que se reformou, tendo aproveitado a ocasião para pedir ao Imperador uma carta solicitando ao pai que a perdoasse por sua desobediência.

Os últimos anos
Perdoada pelo pai, Maria Quitéria casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, o antigo namorado, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição.
Viúva, mudou-se para Feira de Santana em 1835, onde tentou receber a parte que lhe cabia na herança pelo falecimento do pai no ano anterior. Desistindo do inventário, devido à morosidade da Justiça, mudou-se com a filha para Salvador, nas imediações de onde veio a falecer aos 61 anos de idade, quase cega, no anonimato.
Os seus restos mortais estão sepultados na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e Sant'Ana, no bairro de Nazaré em Salvador.

Testemunhos

O pesquisador Aristides Milton, nas Efemérides Cachoeiranas, considera Maria Quitéria "tão valente quanto honesta senhora".
A inglesa Maria Graham, por sua vez, deixou registrado:
"Maria de Jesus é iletrada, mas viva. Tem inteligência clara e percepção aguda. Penso que, se a educassem, ela se tornaria uma personalidade notável. Nada se observa de masculino nos seus modos, antes os possui gentis e amáveis." (Journal of a voyage to Brazil)

Homenagens
Maria Quitéria é homenageada por uma medalha militar e por uma comenda com o seu nome, na Câmara Municipal de Salvador. Do mesmo modo, a Câmara Municipal de Feira de Santana instituiu a Comenda Maria Quitéria, para distinguir personalidades com reconhecida contribuição à municipalidade, e ergueu-lhe um monumento na cidade, no cruzamento da avenida Maria Quitéria com a Getúlio Vargas.
A sua iconografia mais conhecida é um retrato de corpo inteiro, pintado por Domenico Failutti c. 1920. Presenteado pela Câmara Municipal de Cachoeira, integra atualmente o acervo do Museu Paulista, em São Paulo.
Por Decreto da Presidência da República, datado de 28 de junho de 1996, Maria Quitéria foi reconhecida como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. A sua imagem encontra-se em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares da Força, por determinação ministerial.



Agradecimento ao aluno: Lucas Terazima 2ºE (noturno)